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Bancos dizem que já concederam R$ 1 tri em crédito e debatem desafios do setor financeiro na pandemia

Presidentes do Bradesco, BTG, Caixa, Itaú e Santander reconhecem dificuldades sobre acesso ao crédito e dizem que estudam novas medidas

SÃO PAULO – Reunidos em um congresso virtual de tecnologia do setor financeiro, os presidentes dos maiores bancos do país disseram que já concederam quase R$ 1 trilhão em crédito para combater os efeitos da pandemia na economia.

“Foram R$ 914 bilhões em novas operações, prorrogações e em renovações de operações. Mais de 10 milhões de contratos foram renegociados; mais de R$ 61 bilhões, de um total de R$ 550 bilhões de operações, foram prorrogadas por 60 dias, depois levamos para 120 dias […]; e mais R$ 4 bilhões em [crédito para cobrir a] folha de pagamento”, afirmou o diretor-presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, durante o Ciab Febraban, evento promovido anualmente pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que pela primeira vez acontece de forma online.

Em meio às críticas sobre a dificuldade de obter crédito durante a pandemia, os presidentes do Bradesco, Itaú, Santander e BTG Pactual reforçaram que novas iniciativas para facilitar o acesso de famílias e empresas aos empréstimos estão em discussão, mas disseram que o forte aumento da demanda por crédito e do risco tornam a tarefa mais complexa.

O presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher, disse que as ações não têm sido tomadas na velocidade que ele gostaria, mas reforçou o compromisso do banco com as ações de combate à crise. “Há uma série de coisas que a gente vem discutindo há um bom tempo, cuja implementação, infelizmente, está muito mais lenta do que nós gostaríamos e que devem permitir, nos próximos meses, continuar irrigando a economia e permitir a recuperação das empresas”, afirmou durante a abertura do congresso, nesta terça-feira (23).

O Banco Central, também nesta terça-feira, anunciou um novo pacote que deve liberar até R$ 55,8 bilhões em crédito para micro, pequenos e médios empresários. No anúncio, a autoridade reconheceu que as empresas de menor porte têm enfrentado dificuldades para acessar empréstimos.

A parceria entre os bancos públicos e privados foi mencionada por todos os presidentes que participaram da conferência.

Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal, disse que, sem a união entre as instituições, a transferência do auxílio emergencial não seria possível: “Estamos falando de 64 milhões de pessoas que estão recebendo todo mês seu auxílio e mais 60 milhões que receberão o FGTS. […] Oito em cada dez adultos no Brasil receberão algum beneficio do Governo Federal distribuído pelos bancos”.

Desafios

O presidente do Itaú ressaltou que um dos grandes papéis dos bancos desde o início da crise tem sido a garantia da liquidez do sistema financeiro nacional. “Em muitas crises, a insegurança em relação aos depósitos gera efeitos de desorganização muito grandes, então cuidar da liquidez e da segurança foi um passo dado de maneira muito rápida e eficiente do sistema bancário”, disse Bracher.

Para o presidente do banco Santander Brasil, Sérgio Rial, outro foco de atenção dos bancos agora deve ser o aumento da informalidade. “Vai ser muito importante nós cuidarmos de uma população enorme que se torna autônoma […] dar a ela as condições de acessar um sistema financeiro que para muitos pode ser distante. Um esforço grande que o sistema financeiro deve fazer é proporcionar o capital de giro, fundamental, mas também a inclusão digital, para que essa pessoa possa navegar nesses próximos meses.”

Rial destacou também que, além das complexidades criadas pela crise, em termos de digitalização, os bancos agora são confrontados com duas grandes mudanças: o PIX, que é o novo sistema de pagamento instantâneo criado pelo Banco Central e que deve ser implementado pelos bancos até novembro; e o open banking, conjunto de regras que vai promover a descentralização dos dados bancários e permitir aos clientes movimentar recursos a partir de diferentes plataformas, e não só pelo aplicativo ou site do banco.

“Isso traz para a indústria financeira não só mais competição, o que é muito positivo, mas desafios tecnológicos adicionais. Os novos programas governamentais impõem um ônus tecnológico enorme nas diversas plataformas financeiras aqui representadas, temos que nos preparar para o que já está vindo”, afirmou Rial.

Digitalização

A tecnologia tem sido a grande aliada dos bancos em meios aos esforços para manter as operações durante a pandemia. Com o isolamento social, que colocou grande parte dos funcionários em home office, e o aumento da demanda, em virtude da crise, as instituições financeiras tiveram que redesenhar suas estruturas e a inovação foi um dos pilares dessa mudança.

“A democratização das oportunidades de investimento, através de plataformas digitais, que impulsionam o número de pessoas entrando na Bolsa ou comprando ativos mais sofisticados, só é possível dada essa digitalização e todo investimento que está sendo feito pelo setor em educação financeira”, reforçou Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual.

Para atender à nova demanda de consumidores conectados e melhorar as experiências no ambiente digital, o presidente do Banco Santander pontuou que as centrais de atendimento precisarão se aperfeiçoar para haver mais interação com o cliente.

“O próximo desafio é como nós transformamos essa inteligência, que não é artificial, para que se torne mais humana – no sentido de que ela não seja robotizada da forma como é atualmente. Cada vez mais as vendas de produtos e serviços se darão através dos canais digitais ou de formas em que o cliente tem o autosserviço”, diz Rial

No futuro, essa relação com o consumidor será responsável pela construção das próprias plataformas financeiras, o que coloca em questionamento o modelo de utilização de espaços físicos.

Segundo o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, um dos grandes legados do período para o setor foi o avanço do uso das contas digitais. Para pagar o auxílio emergencial, o banco criou 121 milhões de contas digitais e, após a pandemia, essas contas poderão ser utilizadas para o pagamento de benefícios sociais.

“Com elas conseguimos uma revolução, porque a Caixa pode realizar o pagamento de todas as políticas sociais por meio do aplicativo, por exemplo. Os serviços sociais de bancos públicos serão impulsionados pela tecnologia, as operações de concessão de crédito se tornarão mais eficientes e isso reduzirá os custos”, diz Guimarães.

Mas, embora o futuro aponte para processos mais digitalizados, o presidente da Caixa pontua que no caso dos bancos públicos, em alguns locais, a presença física ainda será necessária. “Por melhor que seja a tecnologia não temos ainda nem sinal, por exemplo, na Ilha de Marajó, no Pará. Nós temos 212 milhões de brasileiros, mas cerca de 15 a 20 milhões, infelizmente, só conseguirão ser atendidos se tiver uma presença física”, explica.

https://www.infomoney.com.br/negocios/bancos-dizem-que-ja-concederam-r-1-tri-em-credito-e-debatem-desafios-do-setor-financeiro-na-pandemia/
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